Numa adega rudimentar, mas eficiente, as uvas são fermentadas pelas leveduras indígenas e com pisa a pé, sem controlo de temperatura ou aditivos. A prensagem é manual com uma prensa de madeira vertical e o estágio é principalmente em cuba de inox ou fibra para evitar notas
de madeira e assim preservar a pureza do vinho.
Castas: Mistura de mais de 15 variedades autóctones.
Principalmente Tinta Gorda, Malvasia, Bastardo Preta e Branco, Formosa e Verdelho.
Notas de Prova: Vinho tinto de uvas brancas e tintas (60%-40%), de diferentes parcelas entre 60 a 80 anos. Vinho com uma grande diversidade de castas, cultivadas em solos de argila. Tinto guloso, fluido, com uma estrutura equilibrada.
Vinificação: As uvas tintas e brancas foram co-fermentadas. Maceração curta de 5 dias de cacho inteiro, seguido por pisa a pé e remontagem suave. Prensagem antes do fim da fermentação. Sem colagem, sem filtração.
Estágio: Estágio 7 meses. 80% em cuba de inox e 20% em
barrica de carvalho usada.
Uva é uma aldeia de 50 habitantes, abrigada no côncavo das montanhas, cercada por pombais e onde os habitantes cultivam pequenas parcelas de vinha para próprio consumo.
Menina d’uva é o projeto que iniciei em 2017. Troquei Paris pela aldeia dos meus pais, Uva, por amor à terra, às vinhas e à vida rural. Hoje, e depois de ter dificilmente convencido os habitantes, alugo 10 pequenas parcelas de vinhas velhas (3ha no total), para uma produção anual de 10.000 garrafas.
As vinhas têm entre 40 e 100 anos de idade, e foram plantadas com uma mistura de castas tradicionais da região. Variedades esquecidas, profundamente adaptadas ao clima e ao solo. A 550m de altitude, as vinhas repousam em solos de xisto ou argila e beneficiam de um clima continental, ritmado por longos invernos frios e verões muito quentes.
A viticultura é natural, uso composto para alimentar o solo e não faço nenhum tratamento (devido ao clima muito árido, é possível!). O que permite focar-me plenamente nos trabalhos de recuperação do solo e da planta. Por serem vinhas descuidadas e muito lavradas anteriormente, o trabalho de poda é mais laborioso e a restauração da vida
do solo é lenta, mas fundamental para a elaboração de um vinho de terroir.
Enóloga: Aline Domingues